DAYSE GOMES
CEO Carreira Bistrô / Executive & Team Coach / Consultora de Desenvolvimento Humano e Organizacional / Palestrante
Você já se deu conta de que muitas pessoas vivem, na maior parte do tempo, no piloto automático emocional, reagindo ao que acontece ao seu redor e dentro de si, sem que estejam, de fato, conscientes e presentes?
Posso apostar que a sua resposta é positiva, afinal, sabemos que as pressões do dia a dia podem geram essa apatia. Mas, talvez você não tenha se dado conta de que igualmente adormecidas na sua agilidade emocional estão aquelas pessoas que, mesmo conscientes, tentam negar, resistir ou reprimir o que sentem. Estão também aquelas que não reconhecem ou não sabem lidar com as suas emoções e, por esse motivo, enredam-se e perdem o controle da própria vida.
Na visão de Susan David, criadora do conceito, a agilidade emocional não consiste em sufocar, rejeitar ou eliminar as emoções e os pensamentos negativos, nem tampouco tentar transformá-los em positivos. Consiste, na verdade, em aprender a encará-los com autenticidade, coragem e compaixão e em desenvolver novos hábitos e comportamentos, que possam trazer à tona o que há de melhor em cada um de nós. Em resumo, ter a capacidade de saber conviver com emoções, pensamentos e opiniões sobre nós mesmos e reagir ao mundo como ele se apresenta no momento.
Para sair do padrão automático, como primeiro passo, precisamos entender que as nossas emoções não são um bicho de sete cabeças e que, mesmo as mais difíceis ou desagradáveis – como raiva, tristeza, medo, desprezo e aversão –, quando enfrentadas, podem nos oferecer enormes benefícios.
Já o segundo passo exige sair da rigidez emocional e se desafiar, abrindo espaço entre o estímulo (como sentimos) e a resposta ao alarme das emoções (o que fazemos a respeito do que sentimos), de modo a ter uma interpretação clara das circunstâncias vividas, para que a reação ou a ação esteja em harmonia com os próprios valores e as intenções mais verdadeiras.
Então, o que precisamos fazer para sair dessa rigidez?
De forma prática, é preciso ter consciência de que brigar com os pensamentos ou reprimir as emoções desconfortáveis ou perturbadoras só faz as coisas piorarem e, até mesmo, ampliarem-se, afinal, quanto mais lutamos contra, mais nos afundamos! Isso ocorre, pois ao negarmos os fatos, ficamos com uma falsa sensação de controle, mas deixamos de lado informações reveladoras a respeito daquilo que tem valor, as quais poderiam contribuir para uma mudança.
Além disso, de nada vale entrar em estado de ruminação, pois além de nos censurar, a reflexão sem fim não nos leva para a ação. Pelo contrário, absorve grandes quantidades de energia intelectual, afasta-nos da solução e nos enche de angústia e exaustão.
A solução passa pelo enfrentamento, que é adotar uma postura de encarar os sentimentos e a própria vulnerabilidade, acolhendo as experiências e entendendo o propósito da emoção vivida – o que ela nos diz –, para sermos capazes de desenvolver estratégias mais eficazes e corajosas.
Para ajudar na construção desse novo repertório de estratégias, e escapar de padrões inúteis, compartilho quatro movimentos essenciais, sugeridos por Susan David, perante os acontecimentos e reviravoltas da vida.
- OLHAR DE FRENTE – O primeiro passo é enfrentar voluntariamente seus pensamentos, emoções e comportamentos – sem negar a realidade –, com foco na tríade do autoconhecimento: autoconexão, autenticidade e empatia, esta última vivida com uma postura de escuta interna, curiosidade e aprendizado.
- AFASTAR-SE – Este movimento representa dissociar-se dos pensamentos, das emoções e dos comportamentos para observá-los em grande escala, de forma imparcial, curiosa e mais leve, o que inclui ser capaz de “deixar para lá”.
- SER COERENTE COM SEUS MOTIVOS – Depois de ter organizado e acalmado o processo mental, é hora de se concentrar naquilo que realmente interessa – valores, propósito e intenções – e pensar sobre maneiras novas e melhores de chegar lá. Aqui a metáfora é usar a “bússola interna” para ajudar na tomada de decisão.
- SEGUIR EM FRENTE – Momento de adotar um mindset de crescimento, nomeando-se como agente da própria vida. Realizar pequenos ajustes em hábitos e rotinas, ir além da zona de conforto, reintegrar os sentimentos mais difíceis, rever motivações, adotar um senso de experimentação e de empoderamento como fonte de energia e decisão.
Simples não é, mas certamente possível. Afinal, podemos não ser imunes ao estresse, mas somos capazes de nos desafiar a lidar de forma diferente com nosso mundo interior e fazer diferente. Bora tentar?